terça-feira, 5 de agosto de 2014

Só pelo dia de hoje.

Todo mundo sabe,
todo mundo está farto.
Suspira.
Grita.
Ninguém está a salvo.
Não tem jeito, é inevitável,
o mundo ( o mundo - os seres humanos e não o planeta Terra em si, como um todo)
está putrefato, sujo,
doente.

Mas quero só por hoje,
concentrar as minhas energias no que há de bom,
frutífero e amoroso.
No que preenche a alma,
e não no que me causa um vazio,
aquele vazio que beira o desgosto.

Não só em agosto existe desgosto,
mas em todos os outros meses do ano.
E peço, que só por hoje
a sombra que eu vejo, que sinto, seja o completamento da luz
que habita o Universo.
Em equilíbrio, e não maior que tudo.

E quando peço pelo dia de hoje,
sei
tenho consciência que ainda há o massacre em Gaza.
Sei que o sangue de pessoas inocentes, vítimas de um sistema
cruel, escorre.
Que existe gente suplicando por atenção nas ruas,
com fome, frio, carente de afeto
que existe gente perdida, doente da cabeça,
doente do coração.

Mas só hoje
quero poder saber que no mundo também
habitam os gestos amoráveis,
as gentilezas, os aromas envolventes,
os sons harmoniosos.
As cores, o abraço, o colo, o útero.

É daí que tiro a minha força pra continuar com os dias,
é daí que paro de fugir nos meus sonhos por medo de
ficar acordada.
A partir daí faz com que pare mais um ponto de esperança morrer,
dentro de mim, secar, sem terra molhada e adubada que
faça cultivar a semente da renovação.


Só por hoje quero molhar minha
terra interior. E assistir um novo broto
(re)nascer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário