sexta-feira, 23 de dezembro de 2011


É tempo de deixar pra lá.
Tempo de curar todas as feridas.
De admitir todas as falhas, de repará-las.
Cuidar de tudo o que me autoflagelei por dentro e por fora.
Me amar mais, me completar de uma maneira que eu não fique perdida tentando procurar o que está dentro de mim em outras coisas e pessoas.
Me amar mais para poder assim amar verdadeiramente os outros e respeitá-los.
É tempo de deixar tudo pra lá, recomeçar comigo mesma.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Trilho.



Hoje tudo parece tão isolado.
Tudo tão solitário.
Todas as pessoas e objetos estão à parte um do outro.
A vida parece como um trilho de trem desconhecido.
Sabe-se que a qualquer instante um trem pode surgir, mas ninguém sabe para onde ele vai e nem o seu horário.
Sabe-se que os trilhos acabam em algum lugar,mas não se tem previsão de qual é o seu ponto final, o horizonte foge dos olhos.

Hoje eu quero me isolar, quero me calar.
Porque eu sei que nem sempre o amor é o suficiente.
É preciso muito mais, é inevitável alguém nesse mundo não te fazer sofrer.
É inevitável não doer o corpo e a alma.
Todo mundo tem o seu lado obscuro, basta saber olhar,basta saber ponderar,equilibrar.
O amor nem sempre é o suficiente, certas coisas são irreversíveis.
Basta saber relevar, perdoar.
Eu sei que conseguiria perdoar tudo, acima de toda a mágoa, de toda dor,e você será que conseguiria?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Dentro de tantas incertezas e até uma certa paralisação diante da minha própria vida, gostaria de congelar o tempo, parar o mundo, mas o mundo não pára ele continua em uma constante rotação.Essa inquietação e desejo não significa que eu queira me esquivar das mudanças,apenas que gostaria de permanecer dormindo com fones de ouvido que tocassem uma música ensurdecedora,sem conseguir ouvir nada externo ,enquanto a dúvida me perseguir...

sábado, 17 de setembro de 2011

Passamos a vida tentando driblar a morte.

Todos os dias tentamos fugir, tentamos nos proteger do pior que possa nos acontecer. Tentamos driblar a morte, sem ao menos ter consciência disso. Dentro de toda essa defesa, ainda temos que aprender, acordar, comer, dormir, fazer todas as nossas obrigações perante a sociedade e para a nossa própria sobrevivência. Além de sobreviver, precisamos sempre criar um motivo para nos manter vivos, para ter motivação, satisfação. Na maioria das vezes olhamos mais para o chão do que para o céu. Prendemos a respiração, aprendemos a suportar o fardo de fugir da morte e tentar viver, nos auto-flagelamos. Numa pequena porcentagem de seres humanos dentro dessa realidade universal, existem os artistas: os músicos, os dançarinos, os atores de teatro, os artistas visuais. Todos eles se sentem num mundo à parte, mesmo tendo que encarar a vida e a morte, o passatempo para superar tudo é brincar de reconstruir o mundo, por isso criaram a tinta, a câmera fotográfica para congelar o tempo, o lápis para rascunhar todas as coisas que existem a nossa volta, pegaram a terra e esculpiram na argila, dramatizaram a vida com um olhar trágico ou cômico, dançaram para celebrar ou para lamentar, criaram instrumentos para harmonizar os sons da natureza de maneira rítmica e graciosa. Alguns querem copiar a realidade, outros querem reinventar. Uns se rebelam, outros continuam clássicos e tradicionais. Mas tenho quase certeza que muitas vezes se sentiram sozinhos, por essa vontade sem fim de brincar de ser divindade em pele, carne e osso humano, que têm suas fraquezas, necessidades da alma, do corpo e do espírito. Mesmo assim todos nós temos que dormir, acordar, comer, se comportar conforme estigmas e padrões de uma sociedade caótica.

Mariela Oliveira.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011


Penso que a vida deve ser mais ou menos assim: Como o Ipê que tem no jardim em frente à minha casa. Ora ele parece morto, sem flores, sem vida, seus galhos ficam secos, mas mesmo assim ainda mantêm sua beleza e permanece meses dessa maneira. Ora quando menos se espera, quando a árvore ainda apresenta sintomas de que ali não existe mais pulso,o tal Ipê ameaça a florir, os botões das flores surgem nos galhos ainda esturricados, e, como mágica todas as flores amarelas, galho por galho, florescem, atraindo pássaros de várias espécies; incluindo o gracioso beija-flor e os insetos: abelhas e marimbondinhos. Vida que atrai outras vidas.Estagnação que na realidade são pequenas mudanças que vão suceder grandes mudanças.
.Mariela Oliveira

terça-feira, 12 de julho de 2011

Desenhar Palavras.



Pressinto que tive inicio na escrita por uma necessidade de ser ouvida. Naquela época em que toda criança se torna um adolescente, tem que crescer e tomar suas próprias decisões, mesmo que essas decisões consideradas mais maduras sofram sempre um julgamento da família e da sociedade, a necessidade de escrever surgiu de toda essa pressão e mudança. Na realidade nunca fui muito ouvida, não sei bem o porquê, talvez por pensar e querer coisas diferentes das outras crianças, adolescentes e até mesmo adultos, ou por quem está mais próximo de mim não compreender meu mundo e minhas reflexões sobre a vida.Sempre senti que faço parte de um mundo paralelo, como uma espécie de fuga da realidade provavelmente.Não comecei a escrever por ter desejo de ser escritora, da mesma maneira que não comecei a desenhar e pintar por desejo de ser artista.Tudo começou como expressão.Mais tarde descobri minha paixão pela arte, mas a escrita sempre foi por uma necessidade sentimental mesmo.Não comecei a desenhar palavras por ter fascínio pela técnica, gramática, semântica ou concordância.A verdade é que despejo tudo.Assim,está vendo? Você que lê agora todas essas linhas, letra por letra, palavra por palavra, frase por frase está mesmo que por intermédio e indiretamente me escutando. Penso que a maioria dos escritores se tornaram escritores por isso, por quererem que soubessem seus pensamentos, anseios, sentimentos, os mais incompreendidos e silenciosos deles. 

.Mariela Oliveira

terça-feira, 28 de junho de 2011

Universo Paralelo.


Afinal de contas, ninguém entende profundamente ninguém. A diferença que existe entre as pessoas não permite isso, mesmo quando se tem respeito e compreensão por esse abismo. Cada indivíduo tem seu próprio universo particular, cheio de traumas, medos, fobias, ansiedades e desejos muitas vezes incompreendidos. O ponto em que se pode chegar mais perto de entender intensamente alguém é a empatia.

Mariela Oliveira.

quinta-feira, 16 de junho de 2011


Tenho problemas com atrasos e trabalhos.

Com exigências e pressão.

Ansiedade e tempo são pra mim os mesmos.

Tenho preguiça.

Tenho temperamento forte e difícil.

É tão difícil me aceitar, como pessoa feita de carne e osso.

As pessoas não te aceitam.

Jamais poderá deixar claro suas fraquezas.

Ninguém consegue se aceitar, por isso todo mundo é assim tão intolerante.


Cobram-te pelo o que você ainda não é.

Ninguém tem a decência de apontar seus acertos.

O que mais sempre fica evidente é a falha.

Pois sim, o ser humano é um ser deficiente!


Mariela Oliveira.

terça-feira, 10 de maio de 2011


Certa vez quando ainda era criança não lembro bem quem me contou ou onde ouvi, uma certa estória sobre uma torneira da pia de uma cozinha. A torneira todos os dias lavava vários itens de louça suja. Dia após dia repetidamente numa árdua rotina. A tal torneira fazia isso com muito esmero e eficiência. Mas a pobre coitada vivia imunda. Ninguém pegava a água que ela despejava para lavá-la. Isso a fazia sentir-se muito triste... Eu não me lembro muito bem o final desse conto infantil, mas sempre pensei na torneira de maneira literal. Toda vez que lavo uma louça, lavo e ensaboou a torneira da pia de minha cozinha. Com receio de que ela algum dia seja infeliz... Mas apenas hoje quando cumpri essa tarefa, mesmo adulta, e consciente das metáforas de todos os contos e estórias fui me dar conta que muitas vezes eu fiz o papel da torneira. Sempre lavei e limpei algumas louças e ao mesmo tempo permaneci esquecida e empoeirada. Por mais que isso soe como algo tolo, apenas hoje fui entender o sentido desse pequeno conto sem fim em minha memória. Percebi que existem várias torneiras na mesma situação da tal literal de minha infância.

Mariela Oliveira.

terça-feira, 5 de abril de 2011







Não adianta planejar.Não adianta pensar que você já viveu tudo, que já superou tudo, que já evoluiu por inteiro.O ser humano subestima os próprios sentimentos,a própria vida.Subestima os outros.A vida sempre mostra um pouco mais, surpreende um pouco mais...
Você pode sucumbir , cair, afundar.Você pode desistir de si mesmo.As histórias , os filmes, as músicas, os desenhos, os rascunhos, as palavras são um antidoto, anti realidade.Por isso todos eles existem, é um motivo pra você pensar num lugar mais confortável, para aguentar, para acreditar em algo.O mundo é bruto, enfrentou chuvas ácidas, meteoros, explosões, extinção. É muito difícil se sentir importante diante disso tudo.Você acaba se sentindo mais um dentre muitos outros bilhões.Os egos, as marcas, as praticidades...tudo isso existe para te fazer sentir alguém ( mesmo que estes últimos sejam impostos à nós de forma extremamente cruel).


Mariela Oliveira.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ser





Acredito que peguei afeição pela arte muito mais por uma necessidade em me expressar do que por ter talento nato. Não sou nenhuma artista excepcional. Apenas desenho, pinto, fotografo e escrevo.O meu ser precisa muito disso.A arte é o meu vicio.A arte é tudo o que eu tenho, a minha vida.Quase enlouqueço quando penso na possibilidade de viver sem ela.Não sei fazer outra coisa além de me expressar, por linhas tortas,sem nenhuma graça e decisão.

Mariela Oliveira.


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Acredito que a natureza humana é essencialmente amorosa e que quando não demonstramos isso é porque há nuvens muito espessas escondendo o nosso sol. Nuvens de medo, dor, raiva, confusão. Mas o sol está lá, preservado, o tempo todo. Em algumas pessoas, mais do que em outras, parece que as nuvens demoram muito tempo a se dissipar, é verdade. Às vezes, podem até não dissipar durante uma vida inteira, é verdade também. Mas, à medida em que começamos a abrir o nosso coração, é inevitável não sentir que ser amáveis e cuidadosos uns com os outros não é um favor, uma concessão. Inevitável não sentir que o gostinho bom de dar amor é tão saboroso quanto o de recebê-lo.

.Ana Jácomo