terça-feira, 10 de maio de 2011


Certa vez quando ainda era criança não lembro bem quem me contou ou onde ouvi, uma certa estória sobre uma torneira da pia de uma cozinha. A torneira todos os dias lavava vários itens de louça suja. Dia após dia repetidamente numa árdua rotina. A tal torneira fazia isso com muito esmero e eficiência. Mas a pobre coitada vivia imunda. Ninguém pegava a água que ela despejava para lavá-la. Isso a fazia sentir-se muito triste... Eu não me lembro muito bem o final desse conto infantil, mas sempre pensei na torneira de maneira literal. Toda vez que lavo uma louça, lavo e ensaboou a torneira da pia de minha cozinha. Com receio de que ela algum dia seja infeliz... Mas apenas hoje quando cumpri essa tarefa, mesmo adulta, e consciente das metáforas de todos os contos e estórias fui me dar conta que muitas vezes eu fiz o papel da torneira. Sempre lavei e limpei algumas louças e ao mesmo tempo permaneci esquecida e empoeirada. Por mais que isso soe como algo tolo, apenas hoje fui entender o sentido desse pequeno conto sem fim em minha memória. Percebi que existem várias torneiras na mesma situação da tal literal de minha infância.

Mariela Oliveira.