sábado, 17 de setembro de 2011

Passamos a vida tentando driblar a morte.

Todos os dias tentamos fugir, tentamos nos proteger do pior que possa nos acontecer. Tentamos driblar a morte, sem ao menos ter consciência disso. Dentro de toda essa defesa, ainda temos que aprender, acordar, comer, dormir, fazer todas as nossas obrigações perante a sociedade e para a nossa própria sobrevivência. Além de sobreviver, precisamos sempre criar um motivo para nos manter vivos, para ter motivação, satisfação. Na maioria das vezes olhamos mais para o chão do que para o céu. Prendemos a respiração, aprendemos a suportar o fardo de fugir da morte e tentar viver, nos auto-flagelamos. Numa pequena porcentagem de seres humanos dentro dessa realidade universal, existem os artistas: os músicos, os dançarinos, os atores de teatro, os artistas visuais. Todos eles se sentem num mundo à parte, mesmo tendo que encarar a vida e a morte, o passatempo para superar tudo é brincar de reconstruir o mundo, por isso criaram a tinta, a câmera fotográfica para congelar o tempo, o lápis para rascunhar todas as coisas que existem a nossa volta, pegaram a terra e esculpiram na argila, dramatizaram a vida com um olhar trágico ou cômico, dançaram para celebrar ou para lamentar, criaram instrumentos para harmonizar os sons da natureza de maneira rítmica e graciosa. Alguns querem copiar a realidade, outros querem reinventar. Uns se rebelam, outros continuam clássicos e tradicionais. Mas tenho quase certeza que muitas vezes se sentiram sozinhos, por essa vontade sem fim de brincar de ser divindade em pele, carne e osso humano, que têm suas fraquezas, necessidades da alma, do corpo e do espírito. Mesmo assim todos nós temos que dormir, acordar, comer, se comportar conforme estigmas e padrões de uma sociedade caótica.

Mariela Oliveira.