
Abri a porta balcão do meu quarto, deixei a luz das 16 horas da tarde entrar. Ao embalo de um som franco-iraniano, me sentei no chão do quintal. De mente vazia e coração cheio, me levei pela composição das notas musicais. Sem perceber, sem pensar e sem querer uma lágrima naturalmente escorreu... Depois desse breve momento comecei a pensar por qual razão, pois então, que não havia razão. O sentimento humano não é algo lógico, simplesmente a minha sensibilidade ficou exposta à luz do Sol, às minhas neuroses enquanto machucava a epiderme numa espécie de mania compulsiva, a cativante melodia de uma voz cantada com a alma e seu piano acompanhante. As lágrimas vieram, não por tristeza, por emoção. Uma felicidade com o lúdico da fantasia sincronizados numa estranha melancolia que resultou numa sensação de solidão que sempre existiu dentro de mim.
Mariela Oliveira.